Protoctistas III: Protozoários

   Os protozoários são seres eucariontes, unicelulares e heterótrofos (de nutrição tanto holozoica como saprozoica). Podem ser de vida livre, habitando geralmente ambientes aquáticos, ou parasitas patogênicos, se hospedando em outros seres vivos, inclusive humanos. Sua única célula exerce funções reprodutivas, excretoras e respiratórias.
   Para a alimentação, os protozoários realizam fagocitose; capturam o alimento e formam os vacúolos digestivos, onde enzimas dos lisossomos são liberadas.



   Os protozoários controlam a quantidade de água intracelular (osmorregulação) através dos vacúolos pulsáteis. Esses organoides se enchem de água absorvida por osmose e se contraem para expulsar o excedente hídrico através de um poro. Essas estruturas são muito comuns em protozoários de água doce, que por serem mais hipertônicos que o meio em que vivem recebem muita água por osmose, o que poderia levá-los ao rompimento de sua célula.
   A reprodução dos protozoários pode ser sexuada ou assexuada, sendo esta segunda a mais comum. As vias assexuadas são:
   -Divisão binária ou Cissiparidade: uma célula se divide originando duas células-filhas idênticas.

    -Divisão múltipla: a célula realiza várias mitoses, originando vários núcleos que serão novas células individuais.
   A via sexuada é a conjugação, na qual dois indivíduos se unem e trocam material genético - através de micronúcleos -  por meio de uma ponte de citoplasma. Esses micronúcleos se multiplicam e se fundem com os próprios de cada indivíduo. Após isso os dois organismos se separam.

   Os protozoários podem ser classificados de acordo com o seu modo de locomoção:
   - Sarcodíneos: podem ser de vida livre ou parasitas. Se locomovem com extensões do citoplasma chamados de pseudópodes. Um exemplo do grupo é a ameba.
                                                    


   - Flagelados (inclui Kinetoplastida e Diplomonada): possuem flagelos para locomoção, podendo ser de vida livre (habitando água doce, mar e solos úmidos) ou parasitas. Os Diplomonada possuem ainda dois núcleos e não têm mitocôndrias. Ex.: tripanossomos e giárdias.





   - Ciliados: a maioria é de vida livre. Possuem cílios para locomoção, que realizam um movimento de "varrer". Ex.: paramécio.




   - Esporozoários: esse grupo não possui estrutura de locomoção. São todos parasitas intracelulares e essa é uma característica vital para sua sobrevivência, já que retira os nutrientes de que necessita do organismo parasitado.



   - Parabasalida: possuem flagelos e uma membrana ondulante para locomoção. Também não apresentam mitocôndrias. A maioria é de vida parasitária. Ex.: tricomonas.


   Protozoários de Vida Livre - Papel Ecológico
   O paramécio e certas amebas são componentes importantes nas cadeias alimentares aquáticas, predando e controlando populações microbianas e servindo de alimento para outros seres vivos. Eles também podem indicar a salubridade da água, pois não habitam locais com poluentes industriais/químicos; mas são abundantes em ambientes ricos em matéria orgânica.



   Protozoários Parasitas: causadores de doenças
   Muitos protozoários parasitam seres vivos, podendo ter relações comensais ou mutualistas. No comensalismo, o protozoário se beneficia de algum recurso provido pelo hospedeiro, mas sem causar-lhe dano, como por exemplo a Entamoeba coli, espécie de ameba que habita o intestino humano, apenas para ter abrigo e alimento. Uma relação mutualista ocorre quando dois organismos dependem um do outro para algum processo, beneficiando um ao outro, como no caso de protozoários ciliados que participam da digestão da celulose no estômago de bois e carneiros, que não conseguem digerir sozinhos essa substância.
   No entanto, há os protozoários patogênicos; eles causam doenças (protozooses) e muitas estão entre as mais graves existentes, como a malária.
   O parasita busca no hospedeiro meios de sobreviver, como uma fonte de nutrientes, abrigo ou condições propícias para sua reprodução e amadurecimento. Os parasitas ligados à superfície externa do hospedeiro são chamados de ectoparasitas, enquanto que os que habitam o seu interior são chamados de endoparasitas.
   As vias comuns de penetração no hospedeiro são através da pele, mucosas ou via oral, pela ingestão de água, alimentos ou contato com as mãos. A transferência de parasitas (e seus ovos, cistos ou larvas) de um organismo para outro -vital para a continuidade do ciclo de vida do patógeno- acontece principalmente pelas fezes, pelo sangue e por tecidos, como o muscular, que é ingerida por outros seres vivos.
   Algumas protozooses conhecidas são:
   Amebíase
   Tricomoníase
   Giardíase
   Balantidiose
   Leishmaniose cutaneomucosa (úlcera de Bauru)
   Leishmaniose visceral
   Toxoplasmose

   Duas protozooses que têm destaque no cenário científico nacional e mundial são a malária e a Doença de Chagas.

   A malária é uma doença infecciosa causada pelo protozoário Plasmodium, parasita das hemácias. A malária tem altas taxas de transmissão em regiões tropicais e equatoriais, que são ambientes propícios para a multiplicação do vetor da doença: as fêmeas do mosquito Anopheles.
   O plasmódio parasita tanto humanos como mosquitos. Quando pica uma pessoa infectada, o mosquito ingere gametócitos (que originarão gametas) do plasmódio no sangue. Dentro do mosquito, os gametócitos se fundem em gametas, formando zigotos. Os zigotos formarão cistos multinucleados (oocisto), que se dividirão em milhares de células alongadas, os esporozoítos. Estas migram para as glândulas salivares do inseto, e são inoculadas no hospedeiro definitivo -o homem- através da picada.
   No corpo humano, os esporozoítos rumam ao fígado e se dividem, originando merozoítos; estes atingem a circulação e invadem as hemácias. Nesse estágio, ocorre a modificação e reprodução dos merozoítos dentro das hemácias, provocando o rompimento da célula e a disseminação para outras. Isso ocorre ciclicamente em intervalos de 48 ou 72 horas, dependendo da espécie do plasmódio. Gametócitos podem ser originados de merozoítos, reiniciando o ciclo se o sangue for ingerido pelo mosquito vetor.
   Os sintomas típicos são febre, fadiga, calafrios, delírios e vômito, e pode levar ao aumento do tamanho do fígado, anemia, coma e morte
   Cerca de 35% da população mundial vive em zonas malarígenas. O combate aos criadouros de mosquitos é uma medida profilática fundamental, requerindo manobras com inseticidas, obras de drenagem e mais recentemente bioinseticidas e controles biológicos com outros seres que sejam predadores do mosquito. Os infectados são a fonte do plasmódio, e seu tratamento diminui a disseminação do parasita. Estudos vêm tentando desenvolver vacinas para essa doença, que possui alcance global.






   A doença de Chagas é causada pelo protozoário flagelado Trypanosoma cruzi. No hospedeiro final -o mamífero- observa-se a forma flagelada do parasita no sangue, e a aflagelada em células cardíacas e nervosas, formando ninhos.
   O vetor da doença é o inseto conhecido como barbeiro. Ao sugar sangue infectado, o barbeiro ingere tripanossomos, que migrarão para o seu trato digestivo e se dividirão de forma binária, apresentando flagelo e estacionando no final do intestino do inseto. Ao picar, o barbeiro defeca sobre a lesão causada, eliminando os parasitas, que penetram no corpo e atingem a corrente sanguínea e órgãos. Lá, eles se convertem em aflagelados e dividem-se, voltando à forma inicial, rompendo as células e caindo novamente na circulação. Eles alcançam vários órgãos, formando novos ajuntamentos de células parasitas, num ciclo contínuo.
   Os sintomas da fase aguda são febre, dor de cabeça, falta de apetite e mal-estar. Pode levar a lesões no coração, no tubo digestório e à morte por falência cardíaca ou meningoencefalite.
   Uma vacina é buscada há muito tempo, porém atualmente só se pode combater a doença através do controle do vetor, o barbeiro. O uso de inseticidas e controle biológico com fungos e outros insetos são importantes para a profilaxia. O barbeiro frequenta frestas de paredes e tijolos, sendo muito encontrado em casas de pau-a-pique; uma melhoria nas condições de moradia, principalmente nas regiões mais afastadas, seria importante para o combate à doença. A transmissão por meio da transfusão de sangue pode ser evitada seguindo corretamente os procedimentos de exames e análise de amostras, para evitar a contaminação.







  




Fontes:
https://crentinho.wordpress.com/2007/03/12/reino-protoctista-%E2%80%93-as-algas-e-os-protozoarios/
https://www.sobiologia.com.br/conteudos/Reinos/Protista.php
https://www.todamateria.com.br/protozoarios/

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