Cordados V - Aves


As aves compõe o maior grupo de vertebrados terrestres, sendo animais endotérmicos, ovíparos com fecundação interna e apresentando penas e asas. São bem adaptadas aos habitats terrestre, aquático e aéreo e possuem ampla distribuição, ocorrendo desde as regiões polares até o equador. A maior biodiversidade de aves, porém, se encontra nos trópicos. Vivem em montanhas, matas, desertos e oceanos - retornando a terra apenas para se reproduzir e construir seus ninhos.
O voo é a principal característica evolutiva do grupo e impôs uma estrutura básica nas aves, moldando muitos aspectos de sua anatomia. Toda sua morfologia fisiologia é adaptada ao voo e contribui para uma boa aerodinâmica, podendo destacar as seguintes características:
  • Desenvolvimento das penas (as quais são um importante componente do sistema termorregulador, que mantém o equilíbrio entre a produção e perda de calor através de processos metabólicos);
  • Presença de quilha, uma expansão do osso esterno na qual se prendem os músculos que movimentam as asas;
  • Desenvolvimento de ossos pneumáticos;
  • Perda, atrofia ou fusão de ossos e órgãos (como a bexiga, por exemplo, não tendo a capacidade de urinar);
  • Desenvolvimento de um sistema de sacos aéreos;
  • Postura de ovos;
  • Desenvolvimento do bico (usado para pegar alimentos, quebrar, furar e até transportar);
 Sistema Nervoso

Como nos demais vertebrados, o sistema nervoso das aves é classificado de acordo com estruturas e funções, dividido em sistema nervoso central, composto pelo encéfalo e medula espinhal, e sistema nervoso periférico, formado pelos nervos e gânglios (sendo doze pares de nervos cranianos). O encéfalo apresenta cerebelo bem desenvolvido, pois esses animais necessitam de muito equilíbrio para voar.
Sua visão é bem desenvolvida, capacitando a percepção de cores nitidamente, pois a retina contém muitos cones com gotículas de óleo (aves marinhas, por exemplo, conseguem ver dentro e fora da água). Apresentam membrana nicitante revestindo os olhos no sentido horizontal, como uma cortina. O olfato e a audição são muito apurados. O seu ouvido é dividido em ouvido externo, médio e interno.



Sistema Circulatório

As aves apresentam circulação dupla, que é uma característica dos animais homeotérmicos e ocorre quando o sangue passa duas vezes pelo coração, e completa, ou seja, o sangue venoso não se mistura com o sangue arterial. Dessa forma, podemos concluir que o sangue no sistema circulatório das aves passa duas vezes pelo coração e o sangue rico em oxigênio não se mistura com o sangue rico em gás carbônico. Por possuírem circulação dupla e completa, esses animais apresentam uma maior disponibilidade de oxigênio e, consequentemente, uma maior disponibilidade de energia para conseguir manter a temperatura do corpo constante (homeotermia).
coração das aves apresenta quatro câmaras separadas: dois átrios (AD e AE) e dois ventrículos (VD e VD). Quando o sangue venoso (rico em gás carbônico), derivado dos tecidos do animal, chega ao coração, ele entra no átrio direito e, ao mesmo tempo, o sangue arterial (rico em oxigênio), derivado dos pulmões, entra no átrio esquerdo. Os dois átrios se contraem ao mesmo tempo, impulsionando o sangue para os respectivos ventrículos (AE para VE e AD para VD). Os ventrículos também se contraem ao mesmo tempo, de forma que o sangue que está no interior deles é impulsionado para as artérias, sendo que a artéria pulmonar, ligada ao ventrículo direito, leva sangue venoso para os pulmões, enquanto que a artéria aorta, ligada ao ventrículo esquerdo, leva sangue arterial aos tecidos do corpo.

Sistema Respiratório

O sistema respiratório das aves é extremamente modificado em relação aos outros grupos de vertebrados, principalmente pela presença de sacos aéreos, estruturas que auxiliam na respiração, apresentando assim o sistema respiratório adaptado para suprir as necessidades metabólicas e energéticas do voo. Didaticamente, podemos dividir o sistema respiratório das aves em pulmão e sacos aéreos.
Pulmões
As aves apresentam dois pulmões pequenos e compactos firmemente aderidos à parede dorsal da cavidade torácica e conectados pela traqueia (pulmões rígidos se comparados aos dos mamíferos). Esses animais apresentam vias de condução que se ramificam repetidamente, em um único sentido, formando os parabrônquios, estruturas que unidas formam o pulmão das aves. Na parede de cada parabrônquio se abrem capilares aéreos, local onde ocorrem as trocas gasosas com o sangue.

Sacos aéreos
Estruturas pares, acessórias e conectadas aos pulmões, que promovem um fluxo de ar em uma única direção. A quantidade de sacos aéreos varia de acordo as espécies, mas basicamente as aves apresentam sacos aéreos anteriores (interclavicular e torácico anterior) e posteriores (torácico posterior e abdominal). Além de auxiliar na respiração ajudam no resfriamento do corpo da ave, principalmente após atividades que geram grandes quantidades de calor.

Ventilação pulmonar
As aves apresentam dois ciclos de inalação/exalação. Durante a primeira inalação, o ar (seta sólida) entra e é dividido, onde uma parte segue para os parabrônquios e a outra enche os sacos aéreos posteriores. Na primeira exalação, o ar dos sacos aéreos posteriores entra nos pulmões, expulsando o ar contido ali. Na segunda inalação, as setas tracejadas indicam o ar que entra, e é novamente dividido, onde uma parte abastece os sacos aéreos anteriores. Na segunda exalação, o ar consumido é expulso para fora dos pulmões, saindo com o ar dos sacos aéreos anteriores.

Sistema Digestório

A dieta alimentar das aves varia de acordo com a espécie. Aves herbívoras se alimentam de sementes, frutas, e néctar, enquanto aves carnívoras consomem outras aves, pequenos vertebrados e restos de animais (carniça). Há ainda as aves onívoras, que possuem uma alimentação variada, assim como os seres humanos.
Por não possuírem dentes (fato decorrente de uma adaptação ao voo), seu sistema digestório é bem peculiar, mudando de acordo com a dieta alimentar do animal.    Todas as espécies ingerem o seu alimento pelo bico córneo, cuja forma e tamanho também irão variar de acordo com o tipo de alimentação da ave.
No sistema digestório das aves há uma dilatação no esôfago chamada de papo, que serve para armazenar e para umedecer o alimento, tornando-o mais macio. Ao armazenar os alimentos no papo, a ave tem a oportunidade de digeri-lo em um local mais seguro. Depois do papo há um estômago dividido em proventrículo, também conhecido como estômago químico, em que o alimento é misturado a enzimas digestórias, sendo encaminhado para a moela, também conhecida como estômago mecânico, uma estrutura de paredes grossas e musculosas, onde o alimento já amolecido e misturado com as enzimas será triturado. Muitas espécies de aves herbívoras engolem pequenas pedrinhas para que elas auxiliem na trituração do alimento na moela, as quais equivalem aos dentes que elas perderam ao longo da evolução. É importante lembrar que as aves carnívoras possuem um papo pouco desenvolvido ou até mesmo ausente, enquanto sua moela é pouco musculosa.
intestino delgado das aves assemelha-se muito ao dos mamíferos, sendo que nas aves herbívoras o intestino é muito maior do que nas aves carnívoras. O intestino grosso desses animais é curto e termina na cloaca, onde também são lançados os ductos do sistema excretor e reprodutor. Algumas estruturas que também são encontradas nas aves são as glândulas salivares, pâncreas fígado, que liberam suas secreções no duodeno do animal através de ductos.

Reprodução

As aves são animais dioicos (possuem sexos separados) e ovíparos (que se reproduzem através de ovos), com desenvolvimento direto e fecundação interna (no interior do corpo da fêmea). A maioria das aves possui dimorfismo sexual, ou seja, macho e fêmea são muito diferentes, sendo que geralmente os machos possuem penas bem coloridas e chamativas, enquanto que as fêmeas possuem penas mais discretas. Na época da reprodução, o macho corteja a fêmea e logo depois ocorre o acasalamento. A transferência de espermatozoides do macho para a fêmea se dá pela justaposição da abertura das cloacas de ambos.
Os machos apresentam dois testículos dos quais saem os canais deferentes que terminam na cloaca, enquanto que as fêmeas apresentam o oviduto e o ovário direito atrofiados (adaptação para o voo). Na época da reprodução, o ovário e o oviduto do lado esquerdo aumentam de tamanho. O oviduto das fêmeas é dividido em infundíbulo, magno, istmo, útero e vagina.


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